quinta-feira, 1 de março de 2012

O Ballet Romântico

Com certeza esse é um dos capítulos mais importantes da história da dança, pois é desse momento que herdamos os principais ballets de repertório que conhecemos hoje, e também o nosso instrumento de trabalho: as sapatilhas de ponta.
O Romantismo na dança segue a mesma linha do literário, com histórias onde há o predomínio da emoção, geralmente sobre a mulher idealiazada e amores impossíveis, e também a presença de seres sobrenaturais como fadas, elfos, sílfides e espíritos.
A peça que inaugurou esse movimento e é considerada um marco na história da dança foi "A Sílfide", apresentada pela primeira vez no ano de 1832. Com coreografia original de Filippo Taglioni e música de Jean Schneitzhöeffer, a peça tem como característica principal o uso das sapatilhas de ponta, uma inovação que culminou na evolução do ensino e prática do ballet, colocando a mulher no foco das atenções. Neste momento, o homem assume o papel de partner, dando apoio aos movimentos das grandes estrelas.
A Sílfide (Ópera de Paris, 2004)
Com Aurélie Dupont e Mathieu Ganio

Outras invenções que vem dessa época são os tutus românticos, saias com várias camadas de tule, geralmente na altura da panturrilha, dando maior leveza e suavidade aos movimentos da bailarina, e também o surgimento do "Ato Branco", um ato inteiro onde todas as bailarinas do corpo de baile usam tutus brancos e sapatilhas de ponta. Essa receita deu tão certo que outros autores se utilizaram desse mesmo recurso. Surge assim "Giselle", que consagrou a bailarina Carlota Grisi em 1841. Com certeza uma das peças mais encenadas desde a sua estréia, sendo considerada um grande desafio mesmo para as bailarinas mais experientes.

Giselle (Teatro Alla Scala, 1996)
Com Alessandra Ferri e Massimo Murru


Mas não foram somente as histórias trágicas que fizeram fama nessa época. La Fille Mal Gardée nasceu em 1789, em meio à Revolução Francesa e é o ballet mais antigo conhecido. Inicialmente, a peça não tinha uma partitura definida, era uma verdadeira "colcha de retalhos", com trechos de diversas árias de óperas e canções populares, que acredita-se terem sido reunidas por Jean Dauberval, que além de coreógrafo também era um violinista competente. Seu enredo vai na contramão da maior parte das peças produzidas na época: ao invés de contar uma história trágica com a presença de espíritos e seres etéreos, La Fille Mal Gardée se passa no interior da França e mostra uma divertida história de amor entre dois camponeses, relacionamento esse que a mãe da moça não aprova, pois ela quer que a filha se case com o filho excêntrico de um rico fazendeiro. Foi justamente essa inovação que fez de "La Fille" um grande sucesso.
Nos dias de hoje, a versão mais conhecida tem partitura de Ferdinand Hérold, criada em 1828, mais tarde rearranjada por John Lanchbery para a coreografia de Frederick Ashton, criada em 1960.

La Fille Mal Gardée
Com Fiona Tonkin (The Australian Ballet, 1989) e 
Marianela Nuñez (The Royal Ballet, 2005)

Seguindo essa mesma linha dos ballet cômicos, surge em 1870 Coppélia. Com suas raízes no Ballet Romântico, essa peça criou uma base para o Ballet Clássico que ainda estava por vir. Baseado no livro Der Sandmann, de E. T. A. Hoffman, o ballet conta a história de um divertido triângulo amoroso, formado por Swanilda, seu noivo Franz, e Coppélia, uma boneca mecânica criada pelo Dr. Coppélius, e tão perfeita que parece uma pessoa de verdade! Além do enredo engraçado e com um final feliz, a peça inovou ao levar a cena danças folclóricas, como a Mazurka, dança típica da Polônia, e a Csardas, uma dança típica da Hungria.

Coppélia (The Bolshoi Ballet, 2011)
Com Natalia Osipova e Vyacheslav Lopatin

Mas o período Romântico teve grande importância mesmo na Rússia, que graças ao patrocínio do Czar, se tornou o grande centro mundial da dança, com destaque para as companhias Kirov/Mariinsky (em St. Petersburg) e Bolshoi (em Moscou).
Um grande nome a ser lembrado é do coreógrafo francês Marius Petipa. Ele foi a St. Petersburg em 1847, à passeio, e se tornou o principal coreógrafo do país, o que acabou fazendo com que ele permanecesse lá para sempre.

Na próxima matéria falaremos mais a fundo sobre a importância desse coreógrafo para a história da dança, e também sobre o surgimento do período Clássico.

Um Grande Abraço a todos!!!!

2 comentários:

  1. Dois movimentos artísticos podem existir num mesmo período de tempo. Lendo esse texto, alguém pode entender que todos os ballets do Petipa são Românticos. Onde fica todo o trabalho que o homem? A Bela Adormecida sendo discutida nessa matéria? Daí vão pular pro Ballets Russes? OLha, o livro do Paul Bourcier tá por aí ainda. É tendencioso, mas trata bonitinho do tão bom Ocidente.

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  2. Jú Parabéns pela matéria!!!
    Ficou ótima!!!
    bjs
    Tamara

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